A peste
Impressões sobre o livro A peste, de Albert Camus
RESENHALITERATURA
Geanneti Tavares Salomon
10/15/20231 min read
Estou lendo "A Peste", livro do argelino Albert Camus, publicado em 1947, um romance "de resistência" que faz associações com a França ocupada pelo nazismo na Segunda Guerra Mundial.
Confesso que demorei a ter coragem. Foi um livro muito comentado no período da pandemia, e eu não me sentia bem para essa leitura naquele momento.
É interessante lê-lo depois agora. Dá para fazer associações com o que vivemos, como, por exemplo, o fato de as pessoas demorarem a entender o que de fato está acontecendo. Gostaria de falar sobre a INCREDULIDADE.
Nós, pessoas, muitas vezes não nos deixamos convencer da realidade de coisas que estão acontecendo à nossa frente. Parece que precisamos de provas e mais provas e mais provas...
Levo isso para outros campos da vida: por que somos tão resistentes às mudanças e não acreditamos nos sinais de que algo está prestes a se modificar? Parece que queremos fingir que não está acontecendo e que, se esperarmos um pouquinho, passará.
Não, gente. Há coisas que podem passar, mas nem sempre. Há problemas que dançam à nossa frente, fazem malabarismos, e não podemos fingir que não queremos vê-los somente porque não queremos sair da nossa zona de conforto.
Em uma discussão, a personagem principal, o médico Rieux, afirma para todos que não queriam admitir a palavra "peste":
"– O problema está mal colocado. Não é uma questão de vocabulário, é uma questão de tempo."
O medo de assumir para a população que havia uma epidemia e de nomeá-la como peste foi exatamente o que fez com que a epidemia se espalhasse.
Essas são minhas impressões da Parte I. Leio, a partir de agora, a Parte II.
Deixo aqui a epígrafe do livro, de Daniel Defoe:
“É tão válido representar um modo de aprisionamento por outro quanto representar qualquer coisa que de fato existe por alguma coisa que não existe.”